quarta-feira, 27 de março de 2013

ARISTIDES DE SOUSA MENDES


Um Justo Contra a Corrente
Miriam Assor, Prefácio de José Miguel Júdice, Editora Guerra e Paz (Portugal), 176 páginas, Já nas Livrarias! 
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Esta é uma obra de cariz fotobiográfico e documental sobre a figura ímpar de Aristides de Sousa Mendes, a sua vida e o sublime acto de humanismo que protagonizou em 1940 salvando mais de 30 000 pessoas da perseguição nazi. Exibir imagens que ilustram a caminhada pessoal de um homem íntegro e que também comprovam a carreira de um diplomata exemplar, repor a legítima verdade com o auxílio rigoroso de documentos oficiais provenientes do Arquivo Histórico Diplomático do Ministério dos Negócios Estrangeiros são os elementos que constituíram o propósito da elaboração do livro. E contra factos não há indubitavelmente argumentos. O comportamento reprovável e iníquo que o Antigo Regime reservou à figura de Aristides de Sousa Mendes, após esta edição, ficará sem defesa. Organizado em dezoito capítulos, demarcados desde o nascimento de Aristides de Sousa Mendes até aos dias correntes, com textos de escrita clara e sucinta que aludem cada tema escolhido e que estão devidamente acompanhados por fotos e documentação legendadas, a obra proporcionará aos leitores uma leitura agradável e devidamente fundamentada. A combinação entre as reproduções fotográficas, cópias documentais, peças jornalísticas e testemunhos de pessoas que, em tempo do terror nazi, foram salvas pelo cônsul português, estimulam um ritmo directo e emocionante onde o passado é excedido pelo presente visual. A autora procurou contar uma história. De alguém que esteve acima da força humana. Usando mais provas que palavras. Menos gramática que realidades.
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Aristides de Sousa Mendes foi um desses homens raros. Antes daquela terrível e sublime semana, nada o indiciava como estando destinado a um papel sobre-humano e a uma função heróica. Confrontado com um desafio imenso não fraquejou, como seria compreensível e até normal. Habitado por uma tranquila sensação do dever perante os outros, incapaz de evitar a generosidade e solidariedade humanas, fez o que sabemos: salvou mais judeus do que Schindler e abriu as portas de Portugal para muitos outros refugiados que se seguiram, tornando Portugal no mais improvável dos países para salvar judeus, uma placa giratória da dignidade humana. Os tempos passaram, aqueles não são os tempos actuais e os problemas que afligem a Humanidade são agora outros. Mas não deixam de existir riscos permanentes de cataclismos históricos, pois o ser humano é capaz de himalaias de sublime, mas também de fossas do mindanau do horror. A saga de Aristides de Sousa Mendes deve por isso ser recordada. Pelo que faz pela auto-estima dos portugueses, sem dúvida. Mas sobretudo pelo que tem de exemplar e de inspirador. 
In A Circunstância de um Homem, Prefácio, José Miguel Júdice
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Aristides decide que não pode continuar a viver se não fizer o que a consciência lhe diz que deve fazer, para que aquelas pessoas que ele não conhece e que nunca mais verá não morram num qualquer campo de concentração! Com o apoio incondicional de Gigi, a mãe dos seus catorze filhos, decide desobedecer frontalmente a Salazar, porque esse é o único gesto digno que um filho de Deus pode fazer perante tal calamidade. Hitler, Salazar e outros ficam enraivecidos com tal manifestação de humanidade e bom senso: afinal, ainda há homens bons!? Como é possível? 
In In Memoriam, António de Moncada Sousa Mendes
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Sobre a autora: 
Miriam Assor nasceu em Lisboa a 13 de Junho de 1966, no seio de uma família judaica ortodoxa. Uma visita aos campos de concentração nazis, em 1985, fá-la trocar o curso de Psicologia Aplicada e a cidade pela vida comunitária dos kibbutz e pelo voluntariado, em Israel. Regressa após dois anos e meio e licencia-se. Simultaneamente cursa Comunicação no Instituto de Aperfeiçoamento Acelerado. Prefere não exercer nenhum dos diplomas e ingressa na companhia aérea El Al, onde trabalha durante uma década. Enquanto a rotina assentava no verbo viajar, publica, em 1997, Libi, um livro de poemas. Doze meses volvidos, a escrita voa muito mais alto que os aviões. Torna-se cronista da grande escola de humanismo que foi o semanário O Independente. Desde esse passo, a escrita teima e insiste, e em 1999 edita Sentidos. Coordena, em 2001, Luz, em homenagem póstuma ao seu pai, Abraham Assor, rabino da comunidade israelita de Lisboa durante cinquenta anos, figura decisiva no despertar da sua consciência em relação ao terror do Holocausto. Em 2003 coordena a obra Gueto de Varsóvia e na sequência deste tema é comissária de duas exposições, coincidindo a última, em 2005, com a exposição documental alusiva à vida de Aristides de Sousa Mendes, Registos para a Liberdade, na Casa do Registo, em Lisboa. Crónicas de Táxis, editado em Julho de 2008 pela CSantos VP Concessionário Mercedes, é uma compilação de crónicas publicadas na revista Domingo. Actualmente é jornalista freelancer.

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