quinta-feira, 28 de março de 2013

MASMORRAS DA INQUISIÇÃO


Memórias de António José da Silva, O Judeu (Romance Histórico)
Isolina Bresolin Vianna, Editora Sêfer, 144 páginas (14x21 cm, brochura), ISBN 85-85583-07-x, 1997
Informações e encomendas através do email  euronigma@sapo.pt 

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Embora classificado como romance Masmorras da Inquisição – Memórias de António José da Silva, o Judeu, apoia-se sobre factos e documentos históricos, entre eles os autos do processo de António José. Nada foi inventado ou falsificado. O que ali está é a triste e dura verdade configurada naqueles depoimentos, todos verdadeiros na sua essência. É verdade que um gesto de amor livrou-o da morte infamante pelo garrote e da tortura da fogueira inquisitorial, como é verdade que ele sempre foi muito amado, querido e admirado, mas, infelizmente, também muito invejado, uma das causas prováveis da sua injusta morte. António José da Silva, o Judeu, foi uma das mais ilustres vítimas da Inquisição, sacrificado pela "culpa de não ter culpa".
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A Ficção histórica não antagoniza os factos históricos, ao contrário, desperta o interesse, mobiliza as atenções e abre caminhos para novas pesquisas e descobertas. A peça teatral "António José, ou o Poeta e a Inquisição" de Domingos José Gonçalves de Magalhães (1983) abriu o caminho para o romance histórico "O Judeu" de Camilo Castello Branco (1866), que estimulou a publicação de uma parte da documentação inquisitorial do comediógrafo brasileiro (Revista do IHGB, Tomo LIX, 1896) que, por sua vez, levou Teófilo Braga, o primeiro Presidente da República Portuguesa, ao opúsculo "O Mártir da Inquisição Portuguesa" (1910). António Baião avançou com novas pesquisas em "Episódios Dramáticos da Inquisição Portuguesa (2º volume, 1924) que, finalmente, desembocaram no trabalho seminal de J. Lúcio Azevedo, em "Novas Epanáforas" (1932). A listagem, evidentemente incompleta, não poderia deixar de registar a narrativa dramática de Bernardo Santareno, "O Judeu" (1968), a monumental pesquisa académica de José de Oliveira Barata, "António José da Silva, Criação e Realidade" (1983) e o filme "O Judeu" de Jom Tob Azulay (1988-1996). Ao longo da história da cultura percebe-se, nítida, uma interpelação e interlocução entre narração e conhecimento, entre facto e ficção, entre criação e realidade que, longe de se excluírem, acrescentam-se num processo vital, de grande riqueza. Esta memórias ficcionais, "Masmorras da Inquisição", da historiadora Isolina Bresolin Vianna, são o mais novo elo de um fertilíssimo encadeamento que está longe de ser concluído. Alberto Dines, autor da monumental obra "Vínculos do Fogo", Companhia das Letras, 1992.
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Sobre a Autora: Isolina Bresolin Vianna nasceu em Piratininga (São Paulo) em 1927. Doutorou-se pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras do Sagrado Coração de Jesus (Bauru – SP) por delegação da USP. Sua tese "António José da Silva, o Judeu e as Obras do Diabinho da Mão Furada", que originou o presente livro, foi apresentada no I Congresso Internacional sobre a Inquisição, promovido pela FFLCHC da USP, em Maio de 1987, e na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra (Portugal), em Outubro de 1991. Ocupa a cadeira 12 na Academia Bauruense de Letras.

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